Serás tu ou estarás lá?
Disseram-me que estás aqui.
Foi uma borboleta que me pediu para te procurar e para, depois de te encontrar, reinventar-te.
Estarás tu nas páginas dos meus livros de cabeceira, que folheio todas as noites antes de sonhar? Serás tu a alma do anjo que me adormece serenamente a cada madrugada? Estarás tu em cada canto desta casa, em cada quadro, em cada imagem, em cada luz? Estarás tu em cada nota de música que ponho a tocar ou serás a tinta a óleo dos pincéis que me fazem pintar todas as telas?
Serás tu cada folha, cada ramo de árvore que foco com doçura sempre que vou ao jardim fotografar? Estarás tu numa pétala de rosa ou serás uma outra flor, das mais belas que contemplo a cada fim de tarde e colho para enfeitar os meus cabelos?
Estarás tu no brilho das estrelas, todas as que olho a cada anoitecer ou serás o sol que nasce resplandecente a cada alvorada? Estarás tu nas gotas da chuva que cai em dias cinzentos ou serás uma das cores do arco-íris?
Serás tu o uivo de um lobo que chora na escuridão pela ânsia de correr nas florestas ou serás o canto de uma andorinha que chama por manhãs primaveris?
Se assim for, se estiveres em todos os lugares e fores todas as coisas que estão vivas e eu puder escolher, meu amor, quero procurar-te no mais alto das montanhas, encontrar-te nas asas de um pássaro e contigo reinventar as nossas almas.