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O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

A dançar em silêncio desde 2007

Dei por mim a fumar um cigarro apagado a meio da noite.

Havia palavras soltas por todos os lados, lembranças que ficaram perdidas algures no meu sótão. Um copo vazio, cheio de lágrimas secas pelo tempo.

Saudades daqui, deste recanto que já teve tantos nomes, tantos rostos. Sobre a avenida assim ficou, parado nas horas que correm apressadas. Pobre sótão, o sossego tornou-se tão maior. 

Tantas foram as danças em silêncio que se perpetuaram neste lugar, a minha alma perdeu o seu calor.

A Ametista permanece. Continua deitada sobre as ondas de papel em branco, adormecidas num sono frágil e prolongado. As letras escorreram por entre os dedos pálidos, sem caneta.

É urgente voltar. É urgente ficar. Para sempre. Aqui (re) nasci,  aqui vivi, aqui fui feliz. Aqui quero ficar. 

Voltarei (?).

por Leonor Teixeira, a Ametista

Vazio

Já não tenho sonhos.

Perdi-os na estrada, morreram na curva dos caminhos. As pedras ficaram inertes e, em tons de cinza, ainda hoje permanecem nos lugares.

Tão turbulenta a estrada.

Carrego comigo a dor da perda dos sorrisos.

Resta-me o vazio das coisas. Nada a fazer.

por Leonor Teixeira, a Ametista

Recordar é viver ou morrer devagar?

Repetem-se as palavras. E a música.

 

Não. Não esqueço. Como poderia esquecer? Momentos únicos, genuínos, sem maldade, com sorrisos e vontade de viver. De tocar aquela felicidade que existia e já não se encontra. Como poderia esquecer-me, como poderia esquecer-te? De ti, de mim, de nós...

Esta música é-nos dedicada e a tudo o que vivemos juntos. A vida separou-nos, aquela que, na sua injustiça, amaldiçoa os corações maiores. Mas jamais apagará as memórias que ficaram. 

Ainda gosto de ti, sabes? Muito.

Vou, então, deixar-te o que ficou por dizer por diversas, imensas vezes. Demasiadas até.

Depois, veio o silêncio.

Gosto que me chames pelo nome

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(imagem retirada de: google imagens sem referenciação de autor)

Esperei-te na despedida do nosso último Verão, o Outono tinha chegado antes de tempo, mas tu não vieste. As gaivotas gritaram em sinal de tempestade, o mar cantou com elas elevando as suas ondas, bem ao alto, e todos fugiram menos eu.

Continuei a esperar-te enquanto lia a carta que deixaste à beira mar junto à guitarra que sempre tocaste, tão melodiosas as tuas rumbas flamencas, nela estava marcado o teu último adeus.

Não quero acordar, tenho medo de não voltar a sonhar contigo, afinal só te vejo quando durmo e consigo ouvir-te chamar pelo meu nome. Gosto que me chames pelo nome, gosto que me olhes no silêncio que vem depois, quando entras nas minhas fantasias. Mesmo que não sintas o que quero, há uma história que se inventa e eu descubro. Vem mais vezes assim, em ilusão, vem para me amar mesmo que esse amor seja mentira, mesmo que se apague ao despertar. Gosto que me chames pelo nome. Assim acredito que estás perto, mesmo que a preto e branco nas sombras da utopia.

Os cálices estão cheios e espalham-se pelos atalhos do meu sonho, esperam pela marca dos nossos dedos, estão sedentos pelos lábios que secaram na ausência. São tantos os brindes à nossa história que nos esperam, são tantas as promessas. Há garrafas que guardámos para momentos especiais, quem dera darmos as mãos nas madrugadas a chorar, embebermo-nos em palavras por versejar. Consigo ouvir a tua voz sussurrar-me ao ouvido 'gosto do cheiro da tua pele' e depois? Depois, roubas-me em eco um beijo eterno.

Não sei se consigo sobreviver nas alvoradas, os sonhos não se realizam, tu sabes, mas desperto de uma quimera que se repete a cada noite e tu não estás, nunca estiveste, nunca estarás. Maldito amor que não existe, terrível destino incontornável, declarou-se na ruína das palavras. Levem-me daqui antes que sequem as águas do meu mar.

Ainda hoje espero por ti na despedida e chamo-te pelo nome, mas tu não me ouves nem sequer sabes que existo e eu parto para outro lugar onde não estejas, adormeço desta vez na ânsia de esquecer-te mas volto a sonhar. Contigo, sempre contigo a surgires sem aviso do nosso último Verão e a chamares-me pelo nome. Gosto que me chames pelo nome.

Não quero acordar, quero sonhar para viver-te mesmo que incompleto e deixar-me ir nesta magia. Depois podes ir e não voltar.

escrito em 25 de Setembro de 2015 e depois alterado

Do Amor dela por ele

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(imagem retirada de: google imagens sem referenciação de autor)

Amo-te. Não desde o primeiro dia em que te vi, mas desde o momento em que me sorriste. Eras tão bonito.

Sim, amo-te. Talvez por seres a minha melhor recordação, a minha mais doce memória. Tenho saudades tuas. E agora, que faço com a saudade? Amarroto-a como a um pedaço de papel, deito-a ao vento, arranco-a de mim? Ensinas-me como se faz? Ou confesso-me a ti e digo que ainda te amo depois de tantos anos? Eu sei que um dia vai passar, eu sei, mas fazes-me falta nas tuas gargalhadas. Faltam-me as tuas mãos para dar, o teu beijo oferecido com verdade e o abraço que me tirava os pés do chão.

Um dia perguntei-te se dançavas comigo e tu disseste que não sabias. Nunca tiveste jeito para dançar, trocavas os passos, lembras-te? Mas, mesmo assim, dançámos num tropeço e nada mais importou. Podia ter morrido de amor nessa dança. Fomos tão felizes.

Queres envelhecer comigo? Seria bom que pudéssemos escolher com quem ficar e essa escolha fosse recíproca. Escolhia-te a ti para partilhar o que ficou do nosso intervalo.

Sonhar alto é sonhar-te. E eu sonho-te tanto. Espero por ti ou encontramo-nos para lá das estrelas, um dia, quando formos alma?

escrito em 13 de Agosto de 2017

P.S. O silêncio ainda mora aqui.

para o J., de L.

por Leonor Teixeira, a Ametista

Da chuva

Não gosto de chuva. Mas gosto de vê-la cair através das vidraças, ver o cenário a que nos consegue transportar.

Não gosto de chuva. Mas gosto do cheiro a terra molhada, de imaginar que danço na rua em fins de tarde de Setembro como fazia quando era jovem.

Não gosto de chuva. Mas gosto de ouvi-la cantar sobre as pedras da calçada, parece que chora à espera de alguém que não vai chegar.

Não gosto de chuva. Mas gosto quando está perto do sol.

CHUVA NA VIDRAÇA.jpg

(imagem de minha autoria inserida no meu blog Instantes do Silêncio)

por Leonor Teixeira, a Ametista

O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Como são todos os meus sonhos.

Quando era criança, fugia para o quintal da minha casa, subia ao olival pela figueira e vivia num mundo à parte. Depois, ouvia vozes chamarem por mim, era a minha mãe e a minha avó que não gostavam que eu me escondesse no meio do arvoredo e da bicharada. E eu gostava tanto. Mas depois descia e regressava a casa. Mais tarde, fugia outra vez e subia umas escadinhas que iam dar ao velho telhado do sótão e ali ficava, a olhar as estrelas e a inventar histórias, palavras e sonhos.

Assim era o meu sótão.

SOTAO VERDADEIRO.jpeg

por Leonor Teixeira, a Ametista

Voltei ou nem por isso?

Ainda ando por cá. Meio escondida e/ou desaparecida, meio desmotivada talvez, mas a blogosfera será sempre o meu mundo desde 2007. O mundo das letras fará sempre parte de mim, da minha alma. Até pedaços fotográficos. E pintura. Como eu gostava de pintar.

Há quase 15 anos, portanto, que este blog existe. Já mudou de nome tantas vezes, até de endereço, mas nunca deixou de existir.

Também tenho de vos visitar, a vós, que sempre estiveram presentes e por cá continuam. Espero que sejam tão felizes tal como eu fui durante anos.

Aqui, o mundo torna-se diferente. Genuíno.

MAQUINA ESCREVER ERIKA.jpg

por Leonor Teixeira, a Ametista

Perdi as asas que o tempo me cedeu

Vejo-me mendigar por becos paralelos às ruas da vida, imagino-me sob o céu de Toscana a contar as estrelas em dialecto italiano, mas os meus olhos não conseguem alcançá-las. Sinto-me nua neste silêncio absoluto, a inspiração desvaneceu há muito, as letras não deslizam na ponta dos meus dedos e não consigo completar os rascunhos inacabados.

Perdi as palavras no vazio dos caminhos e as folhas do meu diário de viagens ficaram em branco. Há uma distância incalculável entre os meus passos e todos os lugares, nada tem movimento, tudo é intocável. O tudo e o nada confundem-se, equivocam-se os sentidos, deixou de haver um enlace entre as verdadeiras coisas. Tudo me parece finito mesmo que inabalável. Parou o mundo ou acabou a vida?

Podiam morrer todos os relógios e quebrarem todos os espelhos, podiam fundir-se as idades e aninharem-se os corpos salpicados de Tejo e de Almonda. Podiam derreter os corações calados pelos pátios de Alfama e as almas viajarem nos eléctricos de Lisboa, por entre beijos molhados de sonhos cristalinos e abraços suados de pontes por construir. 

E queria. Queria levar de mim o meu chão de Ribatejo e voar até onde não existissem muralhas. Mas fiquei no mesmo lugar e não voei.

Perdi as asas que o tempo me cedeu.     

(Texto escrito em 29 de Março de 2016)

por Leonor Teixeira, a Ametista

por: Leonor T, a Ametista

img1514942427922(1).jpgo outro lado do sótão

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comentários arrecadados

  • Ametista

    Querido Cúmplice, Obrigada por passares pelo meu s...

  • cumplicedotempo

    De acordo com tudo o que disseste, e mais encantad...

  • Ametista

    Querida Green,Obrigada por passares por aqui.. É s...

  • green.eyes

    Querida Leonor,É sempre um prazer ler um texto teu...

  • Ametista

    Obrigada.. desculpe o tardio da resposta. Sabe? Já...

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