Mar Nosso
Foste o meu verão, foste o meu agosto, apesar de nada mais do que palavras. Findou o agosto e perdeu-se a magia de nós. O setembro trouxe consigo a desilusão e o outono chegou com o sonho perdido no tempo. Naquele fim de agosto, no seu último dia, levei nas minhas mãos as tuas palavras e entreguei-as ao mar embrulhadas na areia. Levou-as com ele, mas não regressaram.
E naufraguei na minha perda de ti. Disse adeus ao mar e beijei a areia com a tua ausência. Ficaram pedaços de memórias, de pequenos mas tão grandes momentos.
Mas continuei a sonhar. Voei contigo entre o céu e o mar, sentimos o cheiro do horizonte, descobrimos a sua cor. Inventámos juntos aquela dança de amar e no nosso voo fomos livres, através dos tempos.
Sentei-me num rochedo e permaneci à espera. Esperei que a magia nos sustivesse sobre o mar e tornasse real a nossa liberdade para voar.
Mas não houve tempo para ti e para mim e ficou por descobrir a nossa dança na praia.
Agora, queria apenas que o destino me deixasse ficar junto do mar, trilhar areias, acordar e adormecer ao som das ondas, contemplar o amanhecer, o entardecer, absorver o anoitecer.
Hoje, gostaria que a vida me deixasse fazer do sol meu protector e da lua minha confidente, acordar de alma apaziguada e adormecer serena, aquietada.
Queria que o tempo me deixasse respirar oceanos, mergulhar nas suas águas, envolver-me nessa essência majestosa.
Aí, sim. Nesse lugar, sentiria a plena liberdade...
(Texto fictício, baseado na minha poesia, para a Fábrica de Histórias)