Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Foi na floresta que encontrei o segredo da amizade.
Sempre que subo àquela árvore tu estás lá, à minha espera. Um homem pequenino, com alma de criança e coração de anjo.
Conheci-te naquela manhã de Outono. O solo estava coberto de folhas caídas e tu surgiste por entre as árvores gigantescas daquela floresta mágica. Lembro-me que cantarolava saltitante e, ao ver-te, parei assustada. Mas o teu sorriso bondoso de menino fez-me sentir um certo fascínio e fui ao teu encontro.
Estendeste-me a mão e subimos à árvore mais alta.
Constaste-me a tua história, falaste-me das tuas raízes, disseste-me que não tinhas amigos e que te sentias só, que não podias apaixonar-te porque nunca irias crescer. Eu confessei-te que, ao contrário de ti, não queria crescer porque era feliz enquanto criança.
Perdemo-nos nas horas, do tanto que conversámos.
Desde esse dia, nunca mais nos separámos. Encontramo-nos, em segredo, pela manhã até ao anoitecer. Na mesma árvore falas-me de ti, eu conto-te as minhas histórias e, juntos, admiramos a magia da floresta.
No fim de contarmos os nossos segredos damos as mãos, soltamos beijos e abraços. Descemos a árvore e corremos pela floresta até nos cansarmos.
Quando chega a hora da despedida, dizemos um ao outro:
- Amigos, até sempre. Boa noite.
Os anos passam e continuo a ir à floresta todos os dias. Saio de casa antes do amanhecer para, juntos, vermos o sol nascer. Assistimos ao crescer do dia e despedimo-nos quando a lua ilumina o nosso lugar.
Somos os maiores amigos de todo o sempre. Inquebrável o nosso sentimento valioso, fruto de um encontro marcado pelo destino numa floresta encantada.
Através de uma amizade genuína, aprendemos a acreditar que nunca estaremos sós. Tu, um menino que não conseguiu crescer. Eu, uma menina que nunca quis deixar de ser criança.
Desejo à minha querida amiga Maria das Quimeras um excelente Aniversário!
Espero que o teu dia seja preenchido com tudo de bom que mereces. Miminhos, prendinhas boas, abracinhos apertados e muitos, mas muitos sorrisos... tudo na companhia de quem amas.
Que seja, então, um daqueles dias... inesquecível, para guardares no baú das tuas melhores recordações.
Muito obrigada pela tua amizade.
Sê feliz, Amiga!
Beijinhos mil e sorrisos... muitos, ao longo do teu percurso...
Se esta carta chegar até ti, estejas onde estiveres, não farei já parte desta vida. Terei embarcado numa outra viagem, aquela que tu já conheces. Levo-te comigo no coração e procurarei por ti até te encontrar.
Escrevo-te para agradecer a história de amor que vivemos, aquela que sempre quis ter e que só tu me conseguiste proporcionar.
Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que chegaste às colinas de Iowa no teu velho Chevrolet. Trazias o ar rude dos anos marcado no rosto, mas um sorriso leal e um olhar terno.
Lá estava eu, no alpendre de madeira da quinta, a respirar mais uma tarde escaldante de Verão. Tu, um fotógrafo da National Geographic aventureiro e de alma nómada, vinhas em busca das pontes que povoam Madison County.
Senti-te perdido e ensinei-te o caminho. Levei-te a conhecer a ponte Roseman, onde ficaram as marcas daquele que foi o início inesperado da nossa história de amor.
Contigo, descobri que o amor existe na sua verdadeira essência. Contigo, aprendi a amar. Ensinaste-me que quando os sentimentos são puros e os gestos delicados, a nossa vida transforma-se e tudo parece perfeito.
Contigo, consegui elevar os meus sentidos mais profundos e que desconhecia ter. Juntos conseguimos partilhar duas vidas e vivê-las de uma só vez. Contigo, a minha vida ganhou brilho.
Recordas-te da nossa dança? Lembro-me do teu olhar quando surgi dentro do vestido que usei só para ti. Tocámo-nos tão suavemente que conseguíamos escutar o palpitar dos nossos corações. Vivemos dias de uma beleza tão rara que quase me pareceu um sonho.
Estou-te grata por isso. Pelo teu carinho, pelo teu amor, pelos dias em que foste o meu verdadeiro companheiro.
Sei que andas por aí, quem sabe por perto.
Recebi a caixa que me enviaste com todos os retratos que tiraste, todas as fotografias que captaste, todas as imagens que gravaste. Trouxe tudo comigo. O crucifixo que te dei naquele fim de tarde na pradaria, o álbum e as palavras que me dedicaste. Ainda trago comigo o teu cheiro, está gravado na minha pele.
Acredita que, se estivéssemos vivos, largaria tudo e iria ao teu encontro. Depois da morte do meu marido procurei por ti, mas não consegui encontrar-te.
Após o meu desaparecimento, os meus filhos tiveram dificuldade em aceitar a nossa história mas, depois de tantas descobertas, deram-me todo o apoio emocional que alguma mãe pode ter. Consegui senti-lo, ao longe. Senti lágrimas correrem pelos seus rostos ao lerem a mais bela história de amor que alguém pode viver.
Passei todos estes anos com o peso da traição e nunca poderia abandonar a minha família. Apesar de um matrimónio quebrado pelo silêncio e uma indiferença vindos de há longo tempo e quase insuportáveis, não poderia ir na tua direcção. Não conseguiria deixar para trás os meus dois filhos.
Aquele dia chuvoso em que partiste para sempre foi o mais marcante da minha vida. Não consigo esquecer o teu gesto, aquele em que colocaste o crucifixo que te dei no espelho retrovisor do teu velho Chevrolet, enquanto esperavas por mim. Por momentos, que me pareceram tão longos quanto a dor de uma perda, senti-me entre o partir e o ficar. Estive prestes a sair e chamar por ti, lançar-me nos teus braços e deixar-me ir.
Deste-me a maior prova de amor que alguém pode dar e eu acabei por ficar. Porque não podia partir. Nunca conseguiria ser feliz na sua plenitude, mesmo que a teu lado. Compreendes-me?
Não voltei a ver-te. Separámo-nos mas estivemos sempre juntos, porque os nossos corações uniram-se no dia em que nos conhecemos e ficaram ligados até à morte.
Pedi aos meus filhos a minha cremação. Concretizaram o meu desejo e lançaram as minhas cinzas às águas do rio que passa por baixo da ponte Roseman. Naquele lugar estão guardados segredos nossos, pedaços da nossa felicidade.
Hoje procuro por ti, procurarei até que me seja permitido. Quero ver-te chegar, reviver o nosso amor, viver a nossa história inacabada. E acredito que conseguirei encontrar-te, porque sinto que também tu procuras por mim.
Vejo-me a passear por entre divagações e encontro uma fábrica de histórias pousada numa nuvem branca. A seu lado uma outra nuvem, de mil cores, onde um grupo de operários partilha os seus sentidos de mãos dadas.
A porta está aberta. Entro na nuvem, estendem-me a mão e juntos criamos uma dança especial. É o baile das palavras que nos unem, por entre uma aliança de almas que se tocam num gesto encantador.
Consigo ouvir as nossas vozes que sussurram por entre a música que toca sem parar e as palavras ecoam em nosso redor, as histórias pairam no ar.
Há pedaços de prosa, pedaços de poesia guardados num cantinho de nós e a inspiração que nos espera sorri-nos através de uma nuvem coberta pelo imaginário que nos envolve.
Há escritas floridas enviadas e recebidas com carinho. São brancas como a paz, azuis como o mar, verdes como a esperança, de mil cores como os nossos sorrisos.
Ganhamos asas, voamos num céu que nos ampara e pousamos na praia que nos espera.
Damos as mãos sentados na areia dourada e emergem as nossas histórias que cantam com as gaivotas que sobrevoam a beira mar. É um cântico que nasce de um abraço construído de mil contos de encantar. As palavras soam num verso inigualável, enchem-nos a alma, trazem consigo um pouco de mar.
As ondas vêm até nós para nos beijar e eleva-se o nosso sentir. Mergulhamos nas suas águas como sereias a ondular nas profundezas de um oceano. Há uma fantasia que se aproxima de mansinho e chega até nós.
E desta forma tão sublime cresce a fábrica de histórias que encontrei, que abriu as portas de par em par e, tão delicadamente, me deixou entrar. A fábrica é azul, parece o sol a reflectir-se no mar.
As mãos estão dadas, a dança é perfeita, a arte eterna. Estamos na linha do horizonte.