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O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

Palavras para uma imagem - Há sempre uma vela que se apaga

 

Ainda hoje gosto de mergulhar nos lençóis onde, naquele fim de tarde, os nossos corpos se enlaçaram. Ainda sinto as tuas mãos percorrerem o meu corpo na mais perfeita carícia, sinto que estás aqui a tocar nos meus cabelos. O teu olhar deixa-me assim, disseste. Perdi-me no murmúrio da tua voz, entreguei o meu corpo ao teu, envolvi-me em ti.

A noite veio de mansinho, lá fora a chuva caía sem perdão, escutámos o seu chorar que escorria pela janela do quarto e nos pedia para entrar. E o vento ria sem parar, soltava gargalhadas que vinham de norte e sul, nem as nuvens o conseguiram deter.

Pediste-me para acender uma vela com aroma a sândalo e âmbar. Eu disse-te que o amarelo é a cor dos sorrisos e peguei numa para atear as nossas almas. O fósforo dançava na minha mão trémula enquanto acendia uma das tantas velas que poisei no chão de faia.

Os lençóis de cetim cheiravam a baunilha, os nossos corpos renderam-se à essência doce que pairava dentro das quatro paredes que iam aquecendo devagar a cada sentido nosso que se revelava, por entre a suavidade da luz que nos rodeava.

O cenário era de um romance singular, sobre a cama bailavam pétalas de rosa, soltámos o que de mais místico havia em nós e na nossa entrega pedimos à vida que acabasse ali, onde mora o princípio do fim.

Tenho medo, disseste. Medo que o mundo pare de girar, medo de nunca mais te ver, de não voltar a tocar a tua pele.
Não tenhas, respondi e segurei o teu rosto com ternura nas minhas duas mãos. Um dia a minha mãe escreveu uma história que se chamava ‘juntos na morte’. Que importa a vida, se não podemos dar as mãos lá fora?

Olhámos para o céu através da vidraça, não havia lua e as estrelas tinham-se escondido nas nuvens mas vimos velas, muitas velas. Estavam por todo o lado, espalhadas pela estrada, nos passeios, nas ruas e nas vielas. Eram todas iguais, tingidas da cor que seca o sol.

Nem a chuva, nem o vento conseguiram apagar o seu ardor, a cidade ficou pincelada de amarelo dourado e as pessoas pararam no esplendor do momento. E tu acabaste por partir, em busca do calor dos atalhos.

Caiu serena a madrugada, senti-te do outro lado da cidade. Tocaram três badaladas no relógio da torre da igreja, acendi um cigarro na chama de uma vela esquecida e escrevi para ti. O vento deixou de soprar nas suas gargalhadas, um cão ladrou ao longe e uma cigarra chorou comigo pelo adeus que não me disseste. O meu imaginário vagueou pela varanda com vista sobre a cidade que dormia tranquila pelo fulgor das velas a arder.

Voltei para o vazio dos lençóis, ficaram com o teu cheiro marcado. Elevei-me num sono encantado onde inventei a fantasia que me embalou num cenário de cetim. Estás aqui, disse a mim mesma como que a chamar por ti, e uma concha formou-se no centro de uma cama por fazer. Fomos nós.
A chuva voltou a chorar em agonia, as suas lágrimas apagaram as velas, quase todas, apenas uma permaneceu resplandecente. Seria presságio de ti, de mim ou seria apenas um sinal teu?

Regressei à varanda envolvida num lençol, pétalas de rosa iam caindo por entre as velas espalhadas pelo chão. O aroma a sândalo e âmbar ficou marcado no quarto onde estivemos, penetrado em tudo o que tocámos. A vista sobre a cidade encandeou-me o rosto, o meu corpo oscilou pela perda do que não sei.

Adormeci na essência do que ficou de ti, mas estremeci ao acordar com a alvorada. Saí para a rua num susto e parei junto a uma vela ainda a arder, a única, de todas as que se formaram num manto cintilante que enfeitou os caminhos durante a noite. Ouvi vozes e aproximei-me das gentes que gemiam de aflição. Disseram-me que tinhas morrido.

Corri desnorteada num lamento até onde a chuva e o vento me levaram, não sei a que lugar, parei e gritei:
Há um Outono a morar na minha alma. Reacendam a vela que se extinguiu, para que volte a Primavera.


 

(Texto fictício escrito para a Fábrica de Histórias)

por Leonor Teixeira, a Ametista

P.S. I miss you

 

Às vezes, lembro-me de ti. Minto. Não só às vezes, mas muitas vezes, tantas, quase sempre.

Lembro, se me lembro. Passavas todas as noites à porta de casa da minha mãe, embrulhado num sobretudo preto que contrastava com a palidez da tua pele e fazia sobressair uns lábios sorridentes do teu rosto meio coberto por uns caracóis negros.

Conhecemo-nos numa daquelas noites frias de Outono, no lugar onde costumávamos ir beber café e lá estavas tu, vestido de preto no teu caminhar sereno como serena era a tua figura. Cruzámo-nos por entre os passos que íamos dando lentamente, o nosso olhar tocou-se com embaraço e sorrimos numa ingenuidade aparente, revelando os nossos nomes um ao outro.

Víamo-nos sempre, casualmente, no mesmo sítio e nas mesmas noites de fim de semana, por volta da mesma hora. Sem encontro marcado, lá estava eu no bar e tu aparecias alegre, sempre alegre, pelo meio das gentes que riam e conversavam descontraidamente.

E surgia o abraço. Era inevitável. Sempre o abraço, o mesmo de todas as vezes, longo e apertado por entre beijos na testa, muitos beijos. Nos teus braços, sentia-me tão pequenina e confortada.

Lembro-me de nos perdermos nas palavras até ao amanhecer, sentados lado a lado nas escadas do beco junto à entrada do bar, unidos por gestos de cumplicidade. Partilhámos momentos, sentimentos, falámos das nossas perdas e das nossas conquistas, rimos e chorámos juntos.

Uma noite, levaste-me a casa da tua mãe. Era tarde, fomos pelo quintal, abriste a porta das traseiras e quando entrei fechei os olhos com força, absorvi o aroma que rastejava pelos móveis e pelas paredes e exclamei num sorriso: cheira à casa da minha mãe.

Sentados na tua sala, frente a frente, debatemos o mistério da vida e a nossa crença no destino. Entrámos no mundo das adivinhas, discutimos  existências anteriores, contaste-me as experiências que viveste com o teu baralho de tarô, aquele que um dia acabaste por me oferecer. Tenho-o guardado no baú das minhas melhores memórias, permanece dentro da caixinha de cartão reciclado. Sabes? A caixinha tem o mesmo cheiro daquela noite em que a trouxeste escondida na mão, atrás das costas, para me dares como prenda de aniversário. E o bilhete, o que me deixaste, permanece de lacre aberto sobre as cartas que um dia foram tuas.

Lembras-te da história dos cigarros no teu cinzeiro e do segredo em seu redor? Nunca poderia contar aqui essa história, é tão nossa que ninguém pode saber, ninguém pode escutar.

Quase nos perdemos na palavra amar mas venceu a amizade que conseguimos solidificar e, como me disseste um dia, nunca poderíamos ser amantes porque o nosso encontro aconteceu em época incerta. Se tivesse sido um pouco antes ou um tanto depois, teríamos ficado juntos para sempre. Acredito que sim, se acredito.

Depois da nossa despedida na festa do vale, em que assistimos ao nascer do sol e dançámos até o sono chegar, não voltámos a ver-nos até hoje. Partiste para a cidade do amor e nunca mais voltaste. Tornámos a falar após alguns anos, depois de termos perdido o contacto por infortúnio do destino.

Mas as nossas conversas à distancia ajudaram-nos a recuperar os anos que ficaram para trás. Esquecemo-nos dos relógios, chegámos a falar horas a fio, mais pareciam confissões de dois adolescentes que mantêm a cumplicidade, extrema e inabalável. Houve alturas em que parecíamos dois verdadeiros poetas, as palavras saíam-nos em verso e as declarações de saudade transformavam-se num autêntico poema. As tuas confissões alojaram-se na minha alma e ergueram-se num eco que, de quando em vez, vai e vem: se passei noites contigo foi porque te escolhi, contigo saboreio as palavras e os sentidos e dá-me vontade de guardar-te no colo.
Encontramo-nos na praia?, dizíamos a cada despedida como se o destino nos levasse a outra vida e o nosso adormecer fosse um ponto de partida para um encontro apenas meu e teu. Como tu próprio pediste, entre a areia e o mar.

 

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

'Não é o sol que faz a sombra'

 

Silêncio. Quero silêncio, diz a minha mente ensurdecida pelo sopro arrogante do vento que entra, num tumulto, pelas frestas da minha casa quase vazia e sem cor.

Mas o meu silêncio é astuto e intocável, envolve a minha solidão como uma bruma, veste-me de cinza e purifica de uma forma enganadora o meu corpo enegrecido pelas multidões.

E eu quero viver depressa, mas o meu silêncio assusta-me. É oco como o sossego que me acolhe, melancólico como a inércia dos meus gestos, funesto como os meus fantasmas mais recônditos, vago como a minha apatia pelos amanheceres no asfalto.

Eu quero silêncio, sim, mas tenho medo. Medo da sombra deste silêncio sedutor que atraiçoa as horas das minhas noites, ganha voz a cada segundo dos meus minutos e me segreda num beijo que tento evitar:

- Escreve sempre que o teu coração palpitar e a tua alma ditar, mas em silêncio. Tacteia as palavras no papel e deixa-te ficar aqui, onde a beleza do nada te sustém. Porque a sombra de que falas sou eu e chamam-me cegueira. A cegueira que se alimenta dos teus passos que dançam na procura da música que deixou simplesmente de tocar. É esta a melodia do silêncio, a do teu silêncio.

E o outro eu, o que não fala mas ouve e vê, geme num sufoco que ecoa pela casa e a sombra cega pára, atenta, ao meu lamento que se solta:

- Mas eu quero o silêncio das areias. É brando e cristalino, salpica-me a pele e a alma com a frescura das marés nos fins de tarde.

 

 

(Texto construído para a Fábrica de Histórias à volta do provérbio: Não é o sol que faz a sombra)

 

imagem retirada de: http://fotos.sapo.pt/

por Leonor Teixeira, a Ametista

Palavras para uma imagem - O velho do mar

 

Meu querido velho do mar,


No último fim de tarde sombrio de Setembro, quando morreste, saí de casa como sempre fiz todos os dias da minha vida mas, daquela vez, de corpo inerte. Carregava no rosto a marca dos anos e a angústia de uma espera incessante de ti, tu, que já não podias voltar.

Sentei-me junto ao cais da praia que sempre me ofereceu as melhores recordações da nossa juventude inacabada, que se perdeu nos tempos pelo amadurecer das idades.

O nevoeiro aproximou-se denso e frio como sempre fora e tanto me confortava a cada entrada das noites. A meu lado sentou-se a saudade, minha eterna confidente do passado, que trazia consigo aquela dor nostálgica que me acompanhou ao longo das décadas e se transformou, no momento em que partiste, numa aflição assustadora por nunca mais te poder ver.

Sabes? Era àquele lugar que eu ia sempre à mesma hora e onde me despedi de ti no mais triste entardecer a que se assistiu, disfarçado pela beleza da paisagem, ao lançar às águas frias do teu mar a última carta de amor que me deixaste. Nela ficaram escritas as tuas palavras derradeiras, agarradas à ausência tão própria de um homem dos oceanos, e onde dizias que não podias ser meu porque tu eras do mar e ele pertencia-te a ti, preenchia os teus minutos e mais nada nem ninguém poderia ocupar o seu lugar.

Lembro-me de ouvir falar de ti quando já não estavas, meu velho do mar. Chamavam-te o aventureiro solitário das marés, do tanto que desafiaste tempestades ao comando do navio que foi só teu. Era muito mais do que isso, era o teu lar, o teu recanto, a tua vida. Foi a tua verdadeira morada, tão e apenas tua. A pedra preciosa que amavas sem qualquer condição.

Recordo-me dos pescadores da aldeia contarem as tuas histórias sem se cansarem, ao redor de uma mesa da taberna da areia. Eram histórias plenas de aventura, falavam dos teus regressos de cada viagem, quando atracavas no porto e os abraçavas com uma força extrema pela alegria de voltar. E eu ouvia os contos que eram só teus, sabia-os de cor porque estava sempre lá, escondida entre os rochedos, à espera de ver-te chegar.

Eras um guerreiro, sobrevivias a qualquer intempérie e apesar de seres um homem marcado pelas estações, pelo sol ardente dos verões e o frio cortante dos invernos, eras dono de uma alma nobre, fiel ao teu mar e nada te detinha.

Sei que deixaste escritos pedaços das viagens em que embarcaste, descrições comoventes das tuas paragens por lugares distantes e onde ficaram retratados os teus sorrisos de cada vez que ancoravas num país qualquer. Foste guardando de uma forma memorável a força das amizades que construíste em terra firme e os adeus marcados pelo soltar das amarras.

Contam que eras solitário pela perda de um grande amor e pela lealdade que juraras ao teu navio, companheiro dos teus dias e afago das tuas noites. Seria eu o grande amor que deixaste para trás para te dedicares ao encanto e assombro dos oceanos? Sinto que sim, ou que talvez.

Nunca ninguém soube o teu verdadeiro nome, nunca o revelaste, e naquela noite em que uma águia sobrevoou circundante as dunas para lá da aldeia da praia, o teu navio naufragou na mudança das marés e o teu corpo nunca foi encontrado. Dizem que ficou junto aos mais belos corais, perto de um tesouro sem dono, no fundo do mar.

E eu quis soltar as amarras que me prenderam ao cais que te pertenceu e que ainda hoje é teu. E desejei adormecer sobre o navio onde moraste, lá, nas águas que navegaste por entre as brumas e em que, tantas vezes, mergulhaste na tentativa de respirar o impossível e onde agora descansas.

Os fins de tarde ficaram para sempre, tardes submersas onde jaz o teu corpo, pelas âncoras que agarraste e levaste contigo bem presas à tua alma de aventureiro solitário das marés.

Tua até sempre

 

M.
(a velha do cais)


 

(Texto fictício escrito para a Fábrica de Histórias)

 

imagem cedida para a Fábrica de Histórias por: Jerónimo Afonso

por Leonor Teixeira, a Ametista

Um dia, quando...

 

Um dia, quando o céu chorar e os anjos caírem eu quero estar lá, bem perto do infinito, para apanhar uma estrela e guardá-la junto à chave que encerrou a minha história.

Um dia, quando se calarem todas as vozes do mundo eu quero estar lá, nos lugares que foram meus, para gritar cada palavra que inventei para o meu último capítulo.

Um dia, quando pararem todos os relógios e o tempo ficar suspenso eu quero estar lá, no vazio das épocas, para suavizar o peso dos anos apressados e a contagem dos dias mortos.

Um dia, quando se aproximarem do fim todas as coisas eu quero estar lá, no princípio do mistério de tudo, onde se erguem as derrotas e das ruínas se elevam vitórias.

Um dia, quando a vida se fundir no silêncio e a morte se cruzar com o sonho eu quero estar lá, no meio das sombras que vagueiam, para submergir nas utopias.

Um dia, quando os lobos uivarem para lá das cidades e um corvo vier, de onde moram os poetas já sem vida, com uma carta escondida na asa assinada por mim, significa que morri.

E nesse dia, quando eu morrer, não quero lágrimas nem luto.

Quero que as almas que ficarem do que restou da glória me lancem em mar alto num verso branco, lá, onde segredo nenhum é desvendado e tudo se transforma em poesia.

E ao longe, bem distante, quero escutar o cântico de um bando de gaivotas a sobrevoar as dunas, no mais sublime sinal de liberdade.

 

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

por: Leonor T, a Ametista

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