Liberdade, preciso.
Sinto o meu pequeno mundo escorregar por entre os meus dedos cansados dos nós da revolta. Aquele mundo à parte deste em que vivemos, adúltero, hipócrita, egoísta, injusto.
Tenho na palma da mão um bilhete de regresso aos dias completos de sorrisos genuínos e abraços sentidos, verdades expostas e mentiras ausentes. Mas não consigo alcançar a força extrema de que necessito, receio não conseguir agarrá-la de mãos bem cerradas para que não me caia aos pés. Tenho medo que se escape deste chão que me aprisiona o corpo e não me deixa abandonar este cenário, mórbido e sombrio.
Sim, quero ir. Libertar-me das amarras que me prendem ao que não quero e me é imposto e me rasga a alma até sangrar.
Quero tirar os pés desta terra empoeirada, esquecer o lado de cá da vida, subir à árvore outonal mais alta do bosque mais longínquo, esperar com ela o desabrochar das folhas e enfeitar de balões coloridos os ramos primaveris. E quero sentar-me num galho, livre de deveres e preconceitos, selvagem e indomável, à espera das promessas a florir que me fizeram ficar.
O céu é o limite*. Eu quero uma estrela.
* Citação de Miguel de Cervantes.