Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Já não há voz nas palavras, há gritos mudos. As almas vão adormecendo com as idades e choram no silêncio amargo dos vazios.
Morreram os sorrisos, não consigo escutar os seus encantos. Morreram, como vão morrendo os sonhos. Como morrem os amores e as esperanças de quem inventa histórias de felicidades inatingíveis.
Como quebrar a barreira entre o rasgar dos lábios e a força desmedida de cerrá-los?
E as danças, as danças que aclaravam as noites escuras? Morreram com os corpos que se deitam, sisudos, nas areias de um tempo que é longínquo e se transforma.
Preciso do silêncio doce que a sedução das ilusões me transporta. Preciso dos sorrisos que se soltam nos versos dos poetas e das danças das letras em folhas brancas.
Mas morro no cais ao lado de gritos mudos, como uma pedra que se solta da calçada e desaparece nas marés.
Dou por mim de braços cruzados no sofá, frente à televisão, os dedos sufocam-me a pele dos pulsos. Faço uma força com o corpo que não percebo, o meu olhar pára e o pensamento viaja até um lugar que nem eu própria sei qual é.
Tive uma noite agitada, sonhei com pessoas que fazem parte de um passado longínquo, no entanto as acções têm a ver com factos recentes e eu sinto-me confusa. Não sei o significado de tamanha miscelânea.
Pergunto-me a razão desta tristeza que se apoderou de mim mas não obtenho resposta. Será resultado de ter estado num bloco operatório e ter a percepção de um adormecer eterno e, ao acordar, sentir a alma fora do corpo antes da consciência estar em pleno?
Enfim, desabafos de quem precisa urgentemente de viver, com risos partilhados e sorrisos genuínos, abraços sentidos e gargalhadas sãs, correrias campestres e danças sem fim.
Delírios de início de ano?
Whatever.
Desejo que o ano de 2013 traga saúde e amizade a todos.