Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista
Basta, peço-te. Tenho urgência em libertar-me das memórias que te pertencem.
Sabes que só se vive uma vez em consciência plena e que um dia tudo se torna tardio e ilógico.
Parece-me, por vezes, que esqueço que a era da fantasia acabou e que é tempo de fechar o baú de todas as incertezas. Mas agora, finalmente, estou certa de que tudo não passou de uma ilusão sem limites.
Basta, grito-te agora. Porque já não importa apenas pedir-te. Basta deste tormento que me corroeu a alma. O coração, esse que arrancaste de mim, já não bate por ti (nem por ninguém). Deixei de te amar. Pura e simples(mente).
Podes ter roubado o meu coração, mas não conseguiste levar a minha alma.
'Ciganos. E mais uma vez a minha raiz humana estremeceu. São eles que me dão sempre a medida absoluta da liberdade que não tenho e por que suspiro. Anarquistas em espírito e corpo, lembram-me príncipes do nada, milionários do desinteresse, sacerdotes da preguiça, ampulhetas obstinadas onde o tempo não se escoa.'
Miguel Torga. in DiárioVII, 1954
Ciganos. São eles e a sua rumba flamenca, que lhes pertence, que me oferecem o desejo de dançar até sempre nas areias. Trago na minha mala de viagem, bem guardados, o tom ondulante das vozes, os dedos agitados nas guitarras e o frenesim do ritmo dos corpos. Quando os lembro, sinto a essência da profunda liberdade.