Esperança rubra
(imagem retirada de google imagens)
Fecho a porta do meu sótão e olho em meu redor. Por entre o cor de rosa das paredes, do tecto, da janela, das portas e dos móveis, pinceladas escarlate escorrem devagar. Tulipas, rosas e cravos vermelhos abundam o chão. Enfeito os meus cabelos, visto-me de flores e danço nos meus sapatos encarnados.
É o início de uma nova era. Consigo sentir o cheiro a liberdade, é tão grandiosa, tão imensamente bela que a cor cálida que mora agora neste canto depara-se com o rubro do meu coração.
Sinto um alívio arrepiante, há uma serenidade quase transcendental que se aconchega a mim e toca a minha alma que ganha corpo e se envolve em aromas purificantes, outrora desmaiados pela perda.
Tudo começa a fazer sentido depois das lágrimas, ocultas, derramadas em todos os meus silêncios, apertos de peito na ausência da coragem que pensava inatingível. Aquela que hoje chama por mim, canta o meu nome e me abraça a declamar.
Tirei as algemas, quebrei as correntes que me arrastaram durante anos a fio. Há um sorriso no meu rosto que se rasga e ganha asas, abre a janela do meu sótão e sobrevoa os jardins que sempre sonhei.
E continuo nesta dança intensa, que não me vai fazer parar em momentos de incerteza. Porque certa é a urgência do não querer e ao fundo do corredor do meu sótão, que já tem a marca dos meus passos, há um caminho. Tem brilho e é da cor do meu sangue.
Desejo a todos os que espreitam o meu sótão um Feliz Ano Novo.