A Lua, o Lobo e Eu
Levanto-me a meio da noite. O sono teima em manter-se afastado.
Sinto-me vaguear pela casa. Há memórias de ti aqui e ali, pedaços de nós marcados no chão que piso descalça, aquele por onde caminhaste um dia.
Lá fora, uma noite de luar. Olho as estrelas e respiro o ar ameno. Está tudo tão sereno. Tento alcançar a lua que vai crescendo ao longe. Conto-lhe histórias, deixo-lhe segredos que guarda no colo.
Do outro lado do mundo, os lobos vagueiam no silêncio de uma noite fria e esperam pela lua cheia que tarda em chegar. Há uivos escondidos na sua alma bravia que insistem em soltar-se.
Queria eu também chamar por ti num grito, qual lobo solitário que clama por uma companheira num gemido incessante.
Não és tu, ó lua, a minha eterna confidente?
Uivam os lobos, chora quem ama...