A Floresta
Foi na floresta que encontrei o segredo da amizade.
Sempre que subo àquela árvore tu estás lá, à minha espera. Um homem pequenino, com alma de criança e coração de anjo.
Conheci-te naquela manhã de Outono. O solo estava coberto de folhas caídas e tu surgiste por entre as árvores gigantescas daquela floresta mágica. Lembro-me que cantarolava saltitante e, ao ver-te, parei assustada. Mas o teu sorriso bondoso de menino fez-me sentir um certo fascínio e fui ao teu encontro.
Estendeste-me a mão e subimos à árvore mais alta.
Constaste-me a tua história, falaste-me das tuas raízes, disseste-me que não tinhas amigos e que te sentias só, que não podias apaixonar-te porque nunca irias crescer. Eu confessei-te que, ao contrário de ti, não queria crescer porque era feliz enquanto criança.
Perdemo-nos nas horas, do tanto que conversámos.
Desde esse dia, nunca mais nos separámos. Encontramo-nos, em segredo, pela manhã até ao anoitecer. Na mesma árvore falas-me de ti, eu conto-te as minhas histórias e, juntos, admiramos a magia da floresta.
No fim de contarmos os nossos segredos damos as mãos, soltamos beijos e abraços. Descemos a árvore e corremos pela floresta até nos cansarmos.
Quando chega a hora da despedida, dizemos um ao outro:
- Amigos, até sempre. Boa noite.
Os anos passam e continuo a ir à floresta todos os dias. Saio de casa antes do amanhecer para, juntos, vermos o sol nascer. Assistimos ao crescer do dia e despedimo-nos quando a lua ilumina o nosso lugar.
Somos os maiores amigos de todo o sempre. Inquebrável o nosso sentimento valioso, fruto de um encontro marcado pelo destino numa floresta encantada.
Através de uma amizade genuína, aprendemos a acreditar que nunca estaremos sós. Tu, um menino que não conseguiu crescer. Eu, uma menina que nunca quis deixar de ser criança.
(Texto escrito para a Fábrica de Histórias)