Infância, que Saudades!
São tantas as saudades da minha infância...
Quando brincava com as minhas irmãs no quintal da minha mãe...
Até de ver as lagartixas passarem rente aos canteiros eu sinto saudades.
De me pendurar na nespereira (que já não existe) do quintal de cima e comer as laranjas e as tangerinas saborosas das árvores que ainda hoje estão lá.
Que saudades de me escapar para o olival acima do nosso quintal!
Trepar pela figueira que dava acesso à 'nossa pequena floresta' e esconder-me entre as árvores quando a minha mãe e a minha avó chamavam
por mim.
Que saudades do 'meu bosque'...
Saudades de saltar ao muro de acesso à casa do meu vizinho para jogarmos à apanhada.
De tantas vezes saltar, cheguei a partir a cabeça.
Saudades das peças de teatro que eu e as minhas manas inventávamos com as nossas vizinhas. A representação era no quintal e eu era sempre o gato, claro.
É o que faz ser a irmã mais nova.
Brincámos tanto no sótão das vizinhas às escondidas.
Saudades de saltar à corda e jogar ao elástico e à tardinha jogar ao monopólio e ao jogo das palavras (quando já éramos mais crescidinhas).
Saudades dos gatinhos que tivemos.
O quanto chorámos quando partiram...
Saudades das portas de casa abertas e de ir a pé para a escola sem medo.
Saudades do cheirinho da flor de laranjeira na Primavera...
Que saudades da inocência...
Que saudades de brincar...