Anjo imortal
Eu queria escrever sobre ti, tu que és imortal mas não existes e que conheço como ninguém.
Caminhas comigo de mãos dadas, beijas-me o rosto a cada mágoa e guardas-me no colo como um anjo. Tu, que vieste de outros tempos, de outras vidas, saboreaste todos os estados de alma e ressuscitaste com honra em cada era.
És tu quem me dá força para prosseguir pelas colinas, aquelas em que tropeço tantas vezes e me fazem ressurgir com um sorriso.
Tens a cabeça no lugar do coração, não sentes, não sofres, não padeces. A prudência é o teu guia, ages sem qualquer impulso que te arraste para a terra das angústias que se choram, onde se mata a sede no derramar das lágrimas.
Não sabes a razão de uma queda no abismo, esse lugar tenebroso sem saída. Moras na amplitude de um intervalo, é como a vibração celestial das pradarias sem muros nem pontes, sem portas e sem janelas, aquelas que se trancam para sempre.
Não consigo já viver sem ti, dormes no meu ombro a cada noite fria, o teu sono é como a aragem quente que sopra nos desertos. Tu, que despes a chuva quando cai e a vestes de sol, aquele que inebria o meu leito e me alimenta.
Seduzes-me na tua magia suprema, entrego-me a ti como uma cigana se rende à liberdade, saímos para a rua sob um manto branco e descalços vagueamos no silêncio das estrelas.
Não me fujas, que não sei viver sem ti, meu amparo constante que me eleva na utopia dos dias cinzentos. Leva-me contigo rumo ao arco-íris, faz de mim imortal com um beijo teu.
(A imagem aqui apresentada foi encontrada algures no google e sem autor referenciado. Agradeço a quem a criou que, caso a encontre por aqui, me avise para lhe dar o devido crédito ou, se assim desejar, retirá-la-ei de imediato.)