Certezas e Incertezas
Laura carregava em si todas as incertezas, trazia consigo tudo o que não sabia. Só o mar lhe dava respostas a todas as perguntas, conseguia saber o porquê na imensidão do azul das águas revoltas, o porquê de todos os nãos que lhe rasgavam as entranhas como punhais.
Debaixo do sol vermelho libertava-se das armadilhas do destino, nas areias brancas era-lhe devolvida a liberdade. Pelas pradarias coloridas sarava as feridas abertas pelos espinhos dos atalhos obscuros que lhe ardiam na pele, nos montes e vales encontrava a saída do labirinto que a aprisionava, onde se perdia e se esquecia de quem era.
Duarte, por sua vez, tinha todas as certezas do mundo. Sabia os quês de todos os porquês, não tinha dúvidas nem receios. Não precisava dos oceanos nem dos campos, via tudo através das cidades por entre as estações das chuvas. Era racional, mas não tinha liberdade. Não se perdia na identidade, mas escondia-se em alguém que não havia.