Histórias de Abril
Pedi ao rio das memórias que corresse a meus pés e me deixasse ficar junto às bermas, onde acabam as ausências. E tu vieste até mim numa doce manhã de Abril.
Trazias contigo retalhos de um lugar onde as palavras ficaram, embebidas nas lagoas do tempo, esquecidas pela demora das angústias.
Vieste, despido de encontros, transbordavas emoções do que não viveste e confessaste-te no silêncio dos atalhos.
Colheste uma flor do meu jardim e enfeitaste os meus cabelos, sentiste o aroma a Primavera, ajoelhaste diante de mim e disseste:
'Voltei para ter o teu perdão ou morreria no vazio dos desertos, sem letras e sem sentidos e onde tudo acaba em solidão'.
Acordei de um sonho em fins de Abril. Estava sentada na berma de um rio que corria a meus pés. Ao longe, um deserto envolvia um lago azul onde palavras repetidas dançavam nas areias.
(Texto escrito em 3 de Dezembro de 2011, adaptado para a Fábrica de Histórias)