A morte dos sorrisos
Já não há voz nas palavras, há gritos mudos. As almas vão adormecendo com as idades e choram no silêncio amargo dos vazios.
Morreram os sorrisos, não consigo escutar os seus encantos. Morreram, como vão morrendo os sonhos. Como morrem os amores e as esperanças de quem inventa histórias de felicidades inatingíveis.
Como quebrar a barreira entre o rasgar dos lábios e a força desmedida de cerrá-los?
E as danças, as danças que aclaravam as noites escuras? Morreram com os corpos que se deitam, sisudos, nas areias de um tempo que é longínquo e se transforma.
Preciso do silêncio doce que a sedução das ilusões me transporta. Preciso dos sorrisos que se soltam nos versos dos poetas e das danças das letras em folhas brancas.
Mas morro no cais ao lado de gritos mudos, como uma pedra que se solta da calçada e desaparece nas marés.
imagem retirada de: http://fotos.sapo.pt/