Até um dia, velho amigo
Há nove anos atrás pedi que voltasses depressa para nós:
Perdeste-te nos dias e ficaste do outro lado da vida. Não sei se voltas.
Fico deste lado entre lágrimas e sorrisos. São lembranças dos tempos de outrora que não se repetem. Passam os anos, separam-se as gentes da terra que nos viu crescer.
Onde ficámos nós? Afectos conquistados, laços construídos, momentos partilhados deixados para trás. Abro o álbum de fotografias e sinto uma angústia quase insuportável. As lágrimas caem e a alma dói. São vidas separadas por um destino incerto, viagens marcadas para lugares diferentes.
E choro. Choro por ti e por quem te guarda no coração. Choro, porque não consigo alcançar um sinal de esperança. E morrem os dias na agonia de nada poder fazer.
Tens de voltar, tens de viver. Há tanto que ainda tens por sonhar.
Espero o teu regresso, acendo uma vela e rezo por ti. Nas minhas preces reclamo o teu nome, imploro a tua vida.
Mas não regressaste, ficaste no intervalo, e hoje foi o dia do último adeus. Voltaram as memórias e são tantas, tantas, tantas. Vou guardá-las junto à saudade.
Espero que possas, finalmente, descansar.
a um velho amigo