Cenário sombrio
Não sabem.
Não sabem o vazio das madrugadas. Não sabem da solidão desse vazio, que a transporta a um imaginário incomparável, a conduz aos cenários mais umbrosos onde a luz entra, desmaiada, por entre os ramos mais altos das sequóias.
Ela e os lugares fantasmagóricos, ela e as sombras.
Aprendeu a gostar desse vazio, do que a acompanha nas brumas, cheira-lhe a silêncio e a memórias, sabe-lhe a incenso e a velas.
Não sabem.
Não sabem da solidão que vem do vazio, não sabem do silêncio que chega, sereno.
Não sabem. Ninguém sabe.
Dêem-lhe folhas brancas e lápis de carvão. Dêem-lhe liberdade para lançar palavras, as suas, ao barco de papel que ondula, envolto em cisnes, num lago de névoas densas.
Deixem-na desenhar esse cenário e pintá-lo com as cores da sua alma.
imagem retirada de: google imagens