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O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

O meu sótão é cor de rosa

Às vezes, de noite, subo ao telhado do sótão, sento-me a ver as luzes da cidade e o frenesim do fim dos dias e penso que gostava de ficar ali para sempre. O meu sótão é cor de rosa. Leonor Teixeira, a Ametista

Frio e (des)esperança

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   (Imagem retirada de: google imagens)

 

Sinto-me assim. Com frio e excessivamente pensativa. Os dias gélidos voltaram, em substituição da Primavera que se antecipou em pleno Inverno. Voltas trocadas. O tempo também está virado do avesso, tal como o mundo inteiro. Já não há segurança em lado nenhum do planeta, tudo pode acontecer em qualquer lugar. As perspectivas de um futuro risonho são nulas e a esperança de dias melhores vai diminuindo. Está tudo por um fio e eu sinto-me assim, sem confiança. No entanto, tenho a noção de que há quem esteja bem pior.

Este frio entranha-se em mim e deixa-me sem sentido de orientação. Sinto-me perdida num turbilhão de emoções difíceis de conter. À medida que me afasto do meu próprio mundo, qual bicho do mato, perco a procura dos outros por mim e isolo-me ainda mais. Deve ser da idade, ou da falta de confiança. Sinto o céu desabar sobre a minha cabeça como uma teenager inconsciente. Quem dera sê-lo. Era bem mais feliz, mesmo nas consequências das minhas (in)felizes inconsciências. Fazia parte. Mas também posso dizer que nunca prejudiquei quem quer que fosse a não ser a mim mesma e isso ajudou-me a crescer. Quem dera que não tivesse acontecido.

Porque há algo que permanece. O meu espírito infantil e a ausência da vergonha em dizê-lo. Também queria afirmar a minha expectativa num futuro sorridente mas ficou lá no passado, parada no tempo.

por Leonor Teixeira, a Ametista

Desabafos solitários

 

Encontrei a minha amiga M. ontem. Estava na avenida a alimentar os patos que se aproximavam da pérgula com avidez. Achei-a distante, com o olhar vago entre as águas de um rio que corria devagar e um céu que se pintava de azul. Não deu pela minha presença quando me aproximei mas, ao ver-me, esboçou um sorriso. Percebi que não era o mesmo de antigamente.

Convidei-a para um café. Aceitou de imediato e fomos andando, lado a lado, sob os castanheiros que enfeitam os beirais do longo passeio da avenida. O sol tinha despontado neste domingo, escondia-se por entre as árvores do jardim onde famílias inteiras passeavam e os velhinhos se sentavam nos bancos frente aos canteiros floridos.

Sentámo-nos numa mesa do lado de lá da esplanada, junto ao rio, onde o sol nos ia protegendo do frio e aquecendo o corpo e a alma.

Pedi um café para duas, acendi um cigarro e perguntei à M. se queria desabafar.

Disse-me que sentia uma tristeza que lhe rasgava a alma, que tinha medo do amanhã. Falou-me da retrospectiva que fez da sua vida, que não era a que queria ter tido, que gostaria que tudo tivesse sido diferente. Contou-me as coisas que queria ter feito e não fez, os objectivos de vida que teve e não se cumpriram. Disse-me o quanto gostaria de ter conhecido outros povos, outras culturas, outros climas, sentir outros cheiros, ver outras cores. Viagens que idealizou e que se ficaram apenas pela descoberta das imagens que a televisão e o computador nos mostram. Falou-me das crenças que tinha e que deixaram de existir, das lutas em vão por dias melhores, da solidão. Sim, a minha amiga M. falou-me de solidão. Disse-me que se sentia só, mas resignada. Não se imaginaria, sequer, em qualquer outra situação que não fosse essa, tamanha tinha sido a sua entrega a uma vida que se fechara para o mundo. Falou-me dos dias e das horas solitárias enquanto o planeta gira lá fora, injusto e catastrófico às mãos do egoísmo e ganância do Homem. Disse-me que a amedronta ficar assim, a assistir ao desabar do mundo sem ninguém por perto. Contou-me que, a cada manhã, deseja encarnar uma outra personagem, qualquer uma que não ela. Alguém completamente diferente, mas que lhe permita voltar a ter a vivacidade que sempre a acompanhou, o sorriso aberto, as gargalhadas e aquela vontade de viver sempre inquebrável. 'Sinto-me perdida. O meu espírito está indiferente e a minha alma errante', confessou. Perdida, sim. Notei-o desde que a encontrara, mas mostrava-se adaptada e aparentemente bem. Mas o mundo não precisava de saber que a tristeza lhe dilacerava a alma e o coração. Sentia-se despedaçada, sem rumo, ausente, distante.

Ouvi-a atentamente, uma lágrima caía-me pelo rosto a cada palavra sua. A voz tremia-lhe a cada sentimento revelado, mas não chorou. Disse-me que as lágrimas secaram do tanto que caíram ao longo dos tempos. Falou-me de saudade, daquela que a acompanha a cada instante, saudade de quem foi. Contou-me do papel que desempenha todos os dias, da vontade de desistir e partir em busca de algo que a liberte. 

Confessou-me o que gostaria de ter sido. Talvez um pássaro. Poderia ter sido uma gaivota, uma andorinha, um falcão, um corvo. Queria ter tido uma outra vida, vivido uma outra história, pertencido a um outro destino. Gostaria de ter percorrido uma outra estrada, traçado um outro rumo, seguido numa outra viajem. Queria ter pisado um outro chão, vivido num outro lugar. Gostaria de ter tido uma outra alma, um outro coração, uma outra mente, outros sentidos.

Não consegui interrompê-la no seu desabafo. Senti um nó na garganta e um arrepio na pele. As palavras escondidas por detrás de um rosto cansado desprendiam-se agora, soltavam-se a cada raio de sol que incidia sobre o nosso lugar.

'Queria que tudo tivesse sido tão diferente', disse no final do desabafo. E sorriu, como se aquele momento a tivesse ajudado a ganhar força para enfrentar qualquer batalha que se lhe deparasse. Porque faz tanta falta um ombro amigo, alguém que ouça mesmo que em silêncio. Basta escutar, porque esse gesto é demasiado importante e demonstra que pode existir sempre alguém que, em determinados momentos e por algum tempo, consegue ajudar a quebrar qualquer solidão.

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

Perguntas sem resposta ou o Mistério da Vida

 

Tantas vezes gostaríamos de voltar atrás e trazer os tempos de outrora connosco, mas não podemos mudar o curso da vida. Insistimos em voltar ao passado, porque nos é difícil interiorizar que não conseguimos voltar a viver o que não se repete nem podemos alterar o que gostaríamos que tivesse sido diferente. Porque, efectivamente, existem coisas impossíveis e essa é uma delas.

Mas, por vezes, os nossos sentidos estão acima da prudência e mergulhamos num turbilhão de emoções difíceis de conter. Rumamos em direcção ao que não queremos para nós, porque o que nos invade é o medo de que o amanhã não exista. Neste caso, é preferível parar do que dar um salto para o desconhecido.

É querermos viver o momento e desejarmos que o tempo pare a todo o custo, não importa se é certo ou errado, tamanha é a entrega. O relógio continua no seu compasso apressado, mas o mundo lá fora deixa de existir. Porque é nessa prisão que se liberta um coração e o resto não interessa.

E queremos que tudo volte a acontecer para vivermos os mesmos sentidos, da mesma forma. É a intensidade dos momentos que nos marcam para sempre e deixam saudade. E tudo se repete na nossa memória, porque agora já não estamos no mesmo lugar. Mas, tantas vezes, voltamos lá para (re)viver tudo outra vez.

Queríamos nós que a razão falasse mais alto, mas ainda há corações que continuam a bater acelerada e descompassadamente. Gostaríamos que eles batessem de uma forma regular, mas quem consegue controlar sentimentos mais fortes?

Não falo apenas de amor, mas também de amizades, afinidades. Falo de perdas, de ilusões, esperanças e desilusões num universo de almas que se vão cruzando ao longo dos tempos. E de uma estranha forma vemos os anos correr, sentimos o tempo escassear. O passado deixa de ser o ontem, o presente já não é o hoje e o futuro faz parte dos dias que não temos a certeza se vão chegar. Dizemos adeus a quem viaja para parte incerta sem sabermos se vai voltar, há palavras que deixamos por dizer a quem partiu sem deixar rasto. Ouvimos notícias menos boas de quem já não está por perto, observamos pessoas lutarem contra uma doença que surgiu sem avisar, outras que desistem de viver a cada dia. Assistimos a vidas que se extinguem, umas por tragédias incompreensíveis outras, dizem, pela lei que a natureza obriga. E perguntamo-nos porquê.

Posso dizer que vou andando, passo a passo, por esta ponte que me deixa admirar um rio que é sereno porque, por enquanto, a vida me permite fazê-lo. E continuo a sonhar e a tentar acreditar num amanhã melhor e, mesmo sabendo que muitos desejos não passam de utopia pura, prossigo nesta minha luta imaginária. Não sei se ainda me encontro a meio da ponte, mas vou tentar seguir para a outra margem o mais rápido que puder. Tenho de conseguir. Preciso urgentemente de mergulhar nas águas de um rio que transborda de esperança.

Os porquês e as dúvidas, as incertezas que me acompanham nas horas e a resposta que teima em não surgir. E fico assim, sem perceber a razão dos encontros e desencontros, das almas que se ausentam, da espera por um regresso que não chega, das vidas que se perdem, das esperanças que vão morrendo pouco a pouco. E tudo se mantém, neste ponto de interrogação.

Acredito que as coisas não acontecem por acaso e sinto que o que ficar por resolver nesta vida, resolver-se-á noutro lugar. Porque tem de haver uma resposta, tem de existir uma explicação para este mistério.

Há tanto para dizer, tantas ideias que divergem, opiniões discordantes e, ao mesmo tempo, tantas palavras que se trocam na mais perfeita harmonia. Mas a realidade é esta, a que vivemos, longe ou perto de um passado que não se repete e de um futuro incerto. Para quando a resposta a tudo o que não conhecemos e não sabemos nem conseguimos compreender?

Um dia, talvez...? Cabe ao destino decidir.

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

Volta depressa para nós

 

Perdeste-te nos dias e ficaste do outro lado da vida. Não sei se voltas.

Fico deste lado entre lágrimas e sorrisos. São lembranças dos tempos de outrora que não se repetem. Passam os anos, separam-se as gentes da terra que nos viu crescer.

Onde ficámos nós? Afectos conquistados, laços construídos, momentos partilhados deixados para trás. Abro o álbum de fotografias e sinto uma angústia quase insuportável. As lágrimas caem e a alma dói. São vidas separadas por um destino incerto, viagens marcadas para lugares diferentes.

E choro. Choro por ti e por quem te guarda no coração. Choro, porque não consigo alcançar um sinal de esperança. E morrem os dias na agonia de nada poder fazer.

Tens de voltar, tens de viver. Há tanto que ainda tens por sonhar.

Espero o teu regresso, acendo uma vela e rezo por ti. Nas minhas preces reclamo o teu nome, imploro a tua vida.

 

 

a um amigo



por Leonor Teixeira, a Ametista

Um novo Encontro

 

Ontem voltei a vê-lo.

Acenou sem sorrisos. Olhei para trás e não vi ninguém.

Lá fora, o sol aquecia o parque de estacionamento.

Vi-o conversar com pessoas encontradas ao acaso. Observei-o através da vidraça sem ninguém perceber. Tive vontade de correr a abraçá-lo, olhá-lo de perto, sentir o seu cheiro, sorrir com ele.

Peguei num cigarro e fui até à porta de entrada num passo apressado. Quando cheguei, estava apenas o lugar que deixou ficar. Foi tudo tão breve.

O vento soprou, uma nuvem vinda do horizonte aproximou-se e o sol ficou pálido.

Fumei o cigarro num gesto voraz e voltei para dentro.

 

Trago um grito contido bem dentro de mim.

Volto atrás no tempo e cruzam-se as imagens de nós. Ecoam as palavras ditas e as que ficaram por dizer, revejo o que fomos e o que não chegámos a ser. Torno a imaginar o que poderíamos ter sido.

Aperta a saudade mas o telefone não toca. Permaneço à espera, envolta neste silêncio que persiste em ficar.

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

Primavera

Há pressa no quintal da casa da minha mãe.

As flores do canteiro teimam em desabrochar. A terra insiste em secar depois da rega invernosa. Na flor de laranjeira que brota, poisa uma abelha em busca de néctar. Há um aroma fresco espalhado no ar.

No varão, a roupa estendida esvoaça e enxuga ao sabor da aragem matinal. Abrem-se as janelas de par em par e afastam-se os cortinados para o sol entrar. Arrastam-se móveis, lavam-se paredes, mudam-se as cores do cenário do lar.

Os gatos vadios miam no telhado e lutam por um lugar quente.

Os velhinhos passeiam na avenida e sentam-se nos bancos do jardim das rosas. Enquanto recordam tempos de outrora, crianças brincam no parque e soltam gritos de alegria.

No final da tarde enchem-se as esplanadas, há conversas amenas e lançam-se sorrisos no ar. Preparam-se caminhadas, planeiam-se viagens, fazem-se as malas para passear.

Os patos chapinham nas águas do rio. Esperam pelo pão de quem se debruça para os alimentar.

Os namoros florescem, multiplicam-se os beijos, cresce a vontade de dar e receber. 

À noite, trocam-se afectos na pérgula. É tempo de amar.

Cheira a lilases dentro da casa da minha mãe.

À porta, respiro a Primavera que nasce.

 

 

(Texto escrito para a Fábrica de Histórias)

por Leonor Teixeira, a Ametista

Encontro

 

Encontrei-o ontem.

Tive vontade de abraçá-lo, mas os nossos olhares cruzaram-se e escaparam um do outro. Enquanto estava ali, tão perto de mim, contemplei-o num disfarce veloz na esperança de alcançar um sinal. Por breves instantes acreditei que aquele seria o momento. Mas a frieza aparente repetiu-se e o silêncio triunfou.

De uma luta incessante num passado recente, restou a ausência de alguém que manifestou por palavras o que deixou de demonstrar em gestos.

Ainda hoje lembro com saudade aquele fim de tarde de verão. Consigo escutar a sua voz como se fosse agora: 'Estar aqui é um sonho tornado realidade'.

Recordo o seu olhar raso de água, a lágrima que ficou por cair e me fez chorar. Vem-me à memória a história que inventámos para nós, o que deixámos por viver, a fantasia que criámos e que ficou por cumprir.

Na tentativa de esquecê-lo, sinto a magia do nosso segredo e a falta que me faz.

Encontrei-o ontem. Suspendeu-se a vida e o meu mundo ruiu.

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

Ontem e Hoje

 

Ontem, adormeci com medo. Hoje, acordei com uma sensação de nada.

Ontem, o meu pensamento estava em grande agitação. Hoje, sinto angústia mas o vento não sopra.

De ontem para hoje não sei o que perdi, mas sei que ganhei uma razão.

E da perda e da conquista que não consigo decifrar, ficou um vazio cheio daquilo que ainda não sei...

 

por Leonor Teixeira, a Ametista

por: Leonor T, a Ametista

img1514942427922(1).jpgo outro lado do sótão

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    De acordo com tudo o que disseste, e mais encantad...

  • Ametista

    Querida Green,Obrigada por passares por aqui.. É s...

  • green.eyes

    Querida Leonor,É sempre um prazer ler um texto teu...

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    Obrigada.. desculpe o tardio da resposta. Sabe? Já...

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